Novo Poder
O modelo atual de desenvolvimento, temos que reconhecer: falhou.
É preciso nos reinventarmos, cancelar o plano e repensar crenças, valores e modelos.E como cancelar ou romper um padrão em uma estrutura tão rígida e complexa?
Aqui do nosso lado, buscamos essas respostas na tecnologia e sempre nos perguntamos como o blockchain pode possibilitar uma nova economia: mais colaborativa, integrada e sustentável.
Para a nossa sorte, tem muita gente também pensando fora da caixa.
Durante a série de conversas que aconteceram em torno do evento “The Great Wave” em outubro de 2020, nos chamou a atenção a proposta apresentada pelo especialista em inovação Alfons Cornella, do Institute of Next de Barcelona. Ele colocou em cheque o nosso atual modelo de pensar desenvolvimento e a forma como ele expôs problemas e soluções vale a pena ser compartilhado.
Vamos lá!
Para ele, é totalmente falido um modelo que pensa desenvolvimento somente pela perspectiva da eficiência e do crescimento, que se diz operar em uma rede de (suposta) liberdade e onde o conhecimento se torna vetor para competição. Imagem de como ele ilustrou o que chamamos de “old power”:
Analisando como ele propõe romper esse modelo, enxergamos o blockchain como viabilizador de muitas das ações que podem possibilitar essa mudança, ou um “new power”.
Segundo Alfons, inverter essa lógica começa em pararmos de só pensar em eficiência e passarmos a olhar os desafios com resiliência.
É pensar a solução de problemas através do que pode ser adaptado, reutilizado, aproveitado, respeitado. É nos entendermos como parte da natureza e que mais vale se adaptar aos seus tempos e movimentos do que ir contra eles.
Nós não somos mais fortes que a Natureza e precisamos reconhecer isso. Quando o planeta dá os seus sinais, precisamos saber reconhecê-los. Entender que não se trata mais de crescer a qualquer custo, mas crescer com equilíbrio e inclusão.
Pela ótica do blockchain, podemos possibilitar um modelo de desenvolvimento mais inclusivo, uma vez que a tecnologia permite trocas justas e diretas (peer to peer). O sistema é baseado na colaboração dos usuários, caracterizado por uma experiência coletiva.
Por muito tempo, o poder foi mediado por poucos selecionados.
É hora de resgatar o controle.
Blockchain é sobre inclusão, livre geração de valor e distribuição de poderes.
Veja só que mágico, você já ouviu falar na comunidade Inkiri, em Piracanga?
Há tempos, eles enfrentavam um super desafio por serem uma comunidade remota, fora dos principais destinos turísticos da Bahia, sem acesso a recursos essenciais e viviam de maneira precária.
Para superar essas dificuldades, eles tiveram que se estruturar para conseguirem viver de forma autossuficiente.
Hoje, a Comunidade Inkiri é um grupo intencional dedicado à transformação planetária, construindo e testando novas práticas ambientais, sociais, econômicas, educacionais e espirituais.
Além de terem desenvolvido um sistema sustentável de energia, saneamento e agricultura, eles encontraram no blockchain a solução para incentivar a economia local: por meio da tecnologia, criaram um banco social e uma moeda local, os Inkiris. A moeda hoje facilita as trocas entre pessoas e projetos, sem a necessidade de depender de uma instituição financeira regulatória. Como resultado, foi possível conquistar a autossuficiência entre os moradores: com seu próprio banco e moeda local , os integrantes têm crédito suficiente para investir em seus negócios e possuem uma verdadeira motivação para confiar nos negócios de sua comunidade.
Só com esse exemplo podemos ver na prática como um olhar curioso e empático sobre a inovação os fizeram buscar as repostas e soluções nos recursos que ele já possuíam. E também, como a inclusão social resgatou a dignidade da comunidade, que de maneira equilibrada, vem conseguindo se desenvolver de forma sustentável.
Quando olhamos o modelo proposto pelo Alfons, ficamos ainda mais seguros de que o caminho é esse mesmo:
Em linhas gerais:
A eficiência deve ser alcançada de forma resiliente, isto é, entendendo que o caminho não necessariamente vai ser fácil e que é preciso adaptar-se as mudanças e ter perseverança para enfrentar os desafios no percurso.
A liberdade só é real se digna.
Nada se vale se conquistamos um crescimento não equilibrado. É importante crescer, mas de forma sustentável e saudável, considerando os impactos sociais, ambientais e econômicos.
E, finalmente, o despertar da curiosidade é essencial para que possamos aprender e, assim, evoluir como seres que vivem em comunidade.
São muitas as estruturas que precisam ser revistas para que esse novo modelo seja uma realidade. Passa pela democracia, pela economia, pelas organizações em geral, e, principalmente pela educação.
E a provocação final é: que legado deixaremos à gerações futuras se esse ritmo atual está nos fazendo perder algo tão essencial: a nossa curiosidade?
Somente uma sociedade curiosa, desperta, interessada será capaz de pensar soluções orientadas a esse novo poder: mais resiliente, digno, equlibrado e curioso.
Vamos juntos? Saiba mais em blockforce.in